sexta-feira, 25 de maio de 2012

O Prédio do G.


Gosto de vizinhos que batem à porta a pedir uma cebola ou um alho. Gosto de vizinhos que partilham aquela tarte que trouxeram da avó…ou mesmo aqueles que se lembram de oferecer “aquela couve biológica da terra do pai que pode ser boa para a sopa da bebé”. Mais do que isso. Gosto de vizinhos que por direito próprio conquistam um lugar na nossa consideração, passando de “aqueles lá do terceiro andar” a autênticos parceiros sociais capazes de ganhar um lugar dentro do nosso (restrito) núcleo de amizade…e porque não, dentro do nosso coração…a quem confiamos, por exemplo, a guarda da nossa “mais que tudo”.
Isto é o que acontece no meu prédio…pena é que só aconteça com dois vizinhos. Todos os outros seres (e estou a ser simpático) devia nascer-lhes um pinheiro manso com resina (para colar bem) num sítio que eu penso que saberão. (Hoje estou um bocado espirituoso).  
No meu prédio há gente que fala com periquitos…a mesma gente que insulta qualquer pessoa que entra no prédio. Sim, já é costume pedirmos desculpa aos nossos convidados pelas atrocidades que ouvem assim que entram no prédio. No meu prédio há os que prometem mas depois não cumprem, há os que fogem com o dinheiro do condomínio, há os que pensam somente no seu umbigo, há os sonsos e os vigaristas...

No meu prédio ainda há aqueles cuja crueldade não tem medida. Senão vejamos: quem é que empresta (vejam bem o termo) um ursinho de peluche a um bebé de 1 ano? Do tipo “ Toma lá este ursinho mas depois daqui a uns dias devolve”. Como se a pobre criança tivesse a capacidade de saber qual é a sensação de ter um objecto de ‘aluguer temporário’.
No meu prédio, caros (poucos) leitores vivem aí umas dez pessoas e mesmo assim precisamos de uma entidade externa para o administrar. E o triste é que eu fui o primeiro a dar o aval a essa deliberação.  
Pinheiros mansos…centenas deles é o que me apraz dizer.
G.

Sem comentários:

Enviar um comentário