terça-feira, 23 de outubro de 2012

Visita ao médico do pipi


Estou com a minha namorada no médico do pipi.
Hospital fino, jardim interior, cadeiras impecáveis para quem chegou meia-hora mais cedo e vai ter de aguentar aqui sentado mais de uma hora (a estimativa há-de pecar por escassa e as cadeiras vão-se tornando piores com o passar das meias-horas).
Ela está nervosa. É normal, se eu tivesse um exame marcado para me observarem a genitalia ao pormenor não sei se me sentaria, sequer.
Mão na mão dela. "Calma, amor, vai correr tudo bem. Não te preocupes."
Quarenta minutos de atraso. "Ainda bem que viemos ao privado..."
"E se ela é bruta? A falar, digo".
"Não é nada, claro que não é, já agora..."
Percebo que ela está mesmo apreensiva quando já desfilaram umas dez grávidas e não ouvi uma única palavra relacionada com filhos.
Passados uns minutos uma rapariga impecavelmente fardada faz o nome da minha namorada percorrer toda a sala. Ela vai. Eu fico.
Ela regressa.
"Então?"
"Foi horrível..."
O receio dela confirmou-se, o meu optimismo revelou-se... optimista.
"Não percebi nem metade..."
"Mas pediste para ela explicar?"
"Repetiu o que tinha dito, mas mais devagar..."
Ao que parece foi uma espécie de episódio do Dr. House, mas em fast-forward e sem legendas. Chinês, portanto, para os ouvidos da minha namorada, que, apesar de muito inteligente, não é médica.
"Mas ela disse, e eu percebi, que não é grave, e que me vai tratar. Já não estava para me aborrecer".
Fiquei descansado, mas com uma ideia fixa na cabeça: não era de acoplar (bem sei que se faz com objectos, daí a sugestão) à cabeça da sra. Dra. um Magalhães ou um dicionário de termos médicos?... Ou até um manual que explique como lidar com pessoas?...


T.


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